LIZARD CANÁRIO CLUBE DE PORTUGAL E A ORNITOLOGIA
LIZARD CANÁRIO CLUBE DE PORTUGAL E A ORNITOLOGIA
Boletim informativo nº 13 – Novembro 2014
Autor: Carlos Almeida Lima / Juiz OMJ
Colaborador :Prof. Tito Costa - Criador Brasileiro de Lizard
Colaborador: Pedro Boavida
Editorial
Terminada a época de criação do ano 2013 vamos iniciar o ano de 2014, o LCCP deseja a todos os aficionados sucesso e que este ano seja melhor que o anterior sem a austeridade que nos foi imposta pelo Governo, que atingiu os vencimentos das famílias portuguesas.
Os nosso sinceros votos de um 2014 repleto de êxitos da ornitologia Portuguesa.
Sumário- Entrevista com o Professor Tito Costa ( criador de Lizard ) - Brasil
- Como analisar o canário vermelho mosaico ( tipo 2)
- Sabia que ...
- O que é o factor de refracção
- Aves de África ( Angola)
Entrevista com o Professor Tito Costa ( criador de Lizard ) - Brasil
Olá
Prof. Tito.
Poderia
se apresentar?
Sem
duvida.
Meu
nome é Berenilton Tito Costa, meus amigos me chamam de Tito;
Sou
Historiador e trabalho leccionando na Secretaria de Educação do Rio
de Janeiro.
Sou
criador da Raça Lizard, anilho pelo Clube Rio Ornitológico, uso o
sufixo Canaril di Zaion-Rio e possuo o numero FOB/FC-022
Tenho meu canaril no terraço de minha residência, que fica no Município de Duque de Caxias, RJ
Meus contactos: 055-21-97348141
Email.: dizaion@uol.com.br
Fale
um pouco de você e como teve contacto com os canários.
Sou
um pai de família, tenho três filhos muito queridos: Ojana que
está terminando a Universidade de Biologia, Benhur Gabriel estudando electrónica a nível técnico e meu filho caçula Caio de seis anos.
Minha esposa é advogada e eu trabalho como professor na rede publica
estadual e partícula no mesmo município em que moro. Trabalho em
cinco escolas para formar uma renda que me permita ao menos dar um
pouco de dignidade e conforto a minha família e consiga alimentar
meus canários.
Não
tenho uma lembrança muito nítida de quando comecei com os bichos,
sempre tive um ou outro animal desde a minha mais tenra infância.
Criei Cães da raça Mastino Napoletano, onde conquistei todos os títulos possíveis a um criador. Mas, os canários, veio junto ao meu
velho pai, este sempre foi passarinheiro, e na primeira oportunidade
que tive estava criando os meus. No início eram os mestiços (Pé
duro) depois vieram os de cor, até que em uma reunião de nosso
clube, alguns amigos muito especiais como Reis, Alvaro Blasina, Seu
Luiz Antônio e Luiz Fernando me falaram do Lizard. Era uma
estratégia de nosso clube ter criadores especializados em cada raça.
Quando vi essa raça pela primeira vez ,parecia um sonho, era exactamente o que procurava, uma raça com todas as dificuldades para
se criar com qualidade. Estava ali o desafio que buscava como terapia
ocupacional, devido a minha grande carga laboratorial.
Como
foi esse início com os Lizard’s?
Quantos
exemplares tem?
Eu
crio a série completa: Os clássicos, Amarelos (dourados), Intenso e
nevados (prata) os fundo branco (blue) e os fundo vermelho
(Red-Lizard). Esse ano pretendo formar entre trinta a cinquenta
casais, vai depender de alguns ajusteis que ainda preciso fazer em
meu canaril.
Você
leva seus Lizard’s aos campeonatos?
Sim,
é uma boa vitrina para se ver como está o nosso trabalho. É
somente comparando que nos tornamos críticos de nosso próprio
plantel. Exercitamos o olho, é fundamental para o criador de
qualquer raça ou cor ter um olho apurado para ver qualidades e
defeitos. Aqui no Rio de Janeiro desde que comecei competir em meu
clube que sou o seu representante principal da raça. Já no campeonato nacional ainda não obtive a classificação que busco. O
nosso campeonato nacional é gigantesco e muito competitivo.
Como
é a criação de Lizard no Brasil?
São
poucos os criadores de qualidade e menor ainda, os que dominam a
raça. Somente recentemente foi que iniciou um dialogo entre os juízes e criadores da raça. Era uma rotina julgarem erroneamente o
Lizard. Lembro-me que em 2008 um grupo de criadores se reuniram no
campeonato e os bichos que nos chamaram a atenção não eram os
mesmos que os juízes pontuaram bem. Existe uma distancia na
interpretação do padrão entre juízes e criadores que já está
diminuindo. Recentemente, cerca de uns cinco anos, a raça deu um salto de qualidade, graças aos debates em fóruns e comunidades da
we, temos uma comunidade do lizard no Orkut: .
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=83239509
com
mais de mil membros. Nosso plantel ainda é pequeno, se comparar-mos ao tamanho
continental de nosso país e uma população margeando os 200 milhões
de habitantes, apresentamos apenas cerca de 250 exemplares na
nacional, e estamos com expectativa para 2012 chegarmos com
500 exemplares da raça, assim ela estaria ocupando um lugar de maior
destaque. A meu ver, no fenótipo ainda estamos muito distante dos
europeus, principalmente na forma, tamanho e marcação de peito. Nos
outros itens do padrão estamos avançando com rapidez. O que tem
muito dificultado nosso aprimoramento genético, são as leis
proibitivas do Brasil para importação de pássaros, desde a famigerada gripe aviaria que assolou a Ásia, que as barreiras
sanitárias se tornaram um empecilho quase intransponível.
Sem
duvida, Portugal tem um lugar de destaque a nível mundial. Criadores
como Paulo Alegria, Manoel Murias e Carlos Lima, entre outros que não
lembro-me agora, honram a terra lusitana. São pessoas sérias,
conhecedoras da raça e possuidoras de planteis de respeito com altíssima qualidade. Espero retornar a Portugal (fiz cursos na
Universidade de Coimbra) ´para poder visita-los e aprender com eles
.Eu particularmente gosto muito do tipo de Lizard português.
Tem o Lizard Canário Clube de Portugal (http://lizardcanarioclubedeportugal.blogspot.pt/2011_01_23_archive.html)
Você mesmo cuida dos Lizard’s.?
Sim, ninguém mexe.
Dedico-me cerca de uma hora por dia a eles, geralmente ao amanhecer
antes do trabalho. A época de cria coloco acendedores de lâmpadas e levanto-me mais cedo, pois os cuidados nessa época são bem maiores. Somente
nos finais de semana, na folga do trabalho, que faço os procedimentos
que demandam maior tempo.
Como é a sua alimentação?
Canários são
granivoros, portanto faço questão de manter uma boa mistura de sementes,
contendo como base o Alpiste. As outras sementes como Linhaça, Perilla,
Colza, Chia, Niger, Nabão, Senha e Aveia vou dosando conforme a época,
pois as necessidades são diferentes. Uso um composto de carvão mineral,
argila, farinha de ostra e grãos de areia disponível. Uso, também farinhada enriquecida com nutrientes que coloco de acordo com a época.
Você
usa algum nutriente extra?
Sim,
a tecnologia hoje deve ser usada ao nosso favor. Eu aqui uso
Spirulina, Luteina, Zeaxantina, Cantaxatina, Propolis em pó,levedo
de cana, Pró e Pré biótico, óleo de peixe e substrato de uma
planta dos andes que estou fazendo as primeiras experiências.
Como
faz o controle de doenças?
Aqui
fazemos um rigoroso controle sanitário. A cada trimestre recolhemos
amostras e fazemos exames. Trabalhamos preventivamente, vacinamos
contra Bolba Aviária, uso semestralmente uma medicação contra
Coccidiose, vermifugo e Ivermectina. Medicação muito raramente,
pois, a meu ver, ganhei muito em qualidade de vida dos Lizards quando
aboli o uso de medicamentos, principalmente antibióticos. Meu numero
de óbitos é muito baixo e doenças são raras. Mas o controle
sanitário a higiene e a boa alimentação tem de ser levado muito a sério.
Como faz a limpeza do Canaril?
Não
basta fazer um controle de sanitário contra vírus, fungos, germes e
bactérias sem uma boa higienização do local de criação. Então
faço da seguinte forma: uso conjuntos de gaiolas para cada época,
assim a cada seis meses eu as troco, fazendo uma rigorosa limpeza com
produtos bactericidas. O canaril é higienizado semanalmente a base
de cloro e produtos bactericidas. As grades das gaiolas, também uso
dois jogos, troco-as semanalmente e submerso elas em água com cloro,
lavando-as após 24h. Troco os poleiros mensalmente e lavo todos os comedouros trimestralmente e os bebedouros uso dois jogos onde lavo
e higienizo a cada quinze dias.
É
verdade que a pigmentação do Lizard é uma das coisas mais difíceis na raça?
Sim.
Acredito que isso seja uma limitação a novos criadores, pois até
você dominar a raça as frustrações são grandes.
Como
faz com os seus?
Vamos
por partes: Pigmentar bico, pernas e unhas, tem de se ter uma boa genética, a selecção no plantel tem de ser seria, com isso podemos
potencializa-las com banhos regulares de sol nos primeiros sessenta
dias de vida, depois somente com moderação. Usamos uma planta
nacional (Erva de passarinho) na alimentação, entramos com omega 3
e 6 através das sementes de Chia e vitamina E, através do óleo de
peixe. Para as penas, usamos uma composição de Luteina com
Zeaxantina para pigmentar a cor amarela e nos de fundo vermelho
usamos a Cantaxatina, ambas com dosagem de 10 gramas por quilo de
farinhada. Ainda adicionamos aos vermelhos gordura animal na mistura
para um melhor aproveitamento da cantaxatina. No período de mudas de
pena, deixamos o canário com iluminação reduzida, pois na penumbra
a muda ocorre de maneira mais salutar, satisfatória e a qualidade
das penas se desenvolve em sua plenitude. Mas, volto a destacar, sem genética, esse manejo tem pouco efeito.
Que
conselho você daria aos novos?
Isso
é muito difícil de se fazer, dizer o que os outros devam fazer é
muito complicado. Mas diria que para tirar o máximo proveito do
hobby, faça aquilo que seu coração pedir. Escolha com muito
critério seus primeiros exemplares, visite o maior numero possivel
de criadores, frequente exposições, converse com juízes, idealize o
tipo de Lizard que pretende criar e forme uma linhagem. Perde-se
muito tempo comprando bichos de linhagens diferentes e misturando-as.
Mensure tudo, desde as despesas a etologia dos bichos, faça um
controle genético rigoroso, siga sua intuição na formação dos
casais, seja paciente, persistente e saiba esperar, uma hora o
resultado vem.
Fiquei
muito lisonjeado com o convite.
Parabéns aos amigos lusitanos pelo
blog e qualidade da canaricultura portuguesa. Quero deixa-los a
vontade para perguntas e questionamentos, meu endereço está disponível no inicio dessa entrevista e será, sempre, uma satisfação
atende-los em nosso singelo canaril.
Abraços
a todos, e em particular, aos meus ancestrais da Serra da Estrela, de
onde veio a minha saudosa avó, que deixou-me herdado uma persistência peculiar aos navegantes portugueses tão bem descrita
por Camões, além é claro do prazer em saborear uma boa comida
tipica de Portugal a acidez do azeite e o sabor do vinho.
Fotografia : Sr. Tito Costa
Como analisar o canário vermelho mosaico (tipo 2)
Embora existam diferenças fenótipicas entre os machos e as fêmeas, no que se refere às áreas de manifestação lipócromicas, as características essenciais a saber são :
- A cor
- Desenho
- Contraste
- A cor : encontra-se nas regiões de actuação do lipócromico , a analise da variedade devendo obedecer o mesmo critério, definido para os exemplares de cor intensa :
b) Teor quantitativo
c) Uniformidade ( Homogenidade)
- Desenho : É um elemento fundamental devendo a ave apresentar zonas de actuações lipócromicas conforme o padrão especifico para cada sexo, segundo a descrição abaixo referenciado :
- Contraste : As zonas de eleições lipócromicas devem contrastar com mais zonas do corpo devendo apresentar a cor branco giz.
Zonas de eleição
Canário do criador Carlos Lima
- Desenho da cabeça : A mascara facial deve ser ampla, delimitada e bem definida apresentando um lipócromo intenso.
- Ombros : Amplos com hipódromos intensos contrastando com as remiges, que devem ser o mais brancas possíveis .
- Uropigio : Será intenso bem delimitado. Uma ligeira coloração na base da cauda é tolerada.
- Peito : Deve apresentar uma zona triangular evidente , bem colorida e separada da mascara facial e dos flancos.
nota : nas fêmeas ao contrário deve apresentar com ausência de lipocromo tolerando-se leves traços do mesmo no centro do peito.
No que diz respeito ao dorso : Deve ser de tonalidade o branco giz possível . Uma ligeira infiltração lipócromica é normal nos canários de linha clara.
Observação : Nos canários mosaicos de linha escura em função da presença de melaninas o dorso deve apresentar ausência lipocromo.
Sabia que ....
- Espiga de painço é uma verdadeira guloseima para as aves especialmente para os cardinalitos. Às aves jovens a partir dos dois meses de vida, deve ser fornecida diariamente sem qualquer restrição até aos seis meses a sete meses.
- As causas mais frequentes de infecundidade e mortalidade dos embriões, nas nossas aves na altura das criações :
b) Falta de rusticidade, por acumulação de factor degenerativos
c) Albinismo e excessiva diluição
d) Falta de vitaminas, apesar de hoje em dia, não ser muito frequente devido ao avanço tecnológico das papas existentes no mercado.
e) Mudas patológicas
f) Excesso de gordura nas fêmeas e machos, que dificultam a copula
g) Doses excessivas de tratamentos durante muitos dias com antibióticos e sulfamidas
h) Uso de doses altas de insecticidas
i) Ingestão de matérias tóxicas através dos alimentos
J) Acasalamentos com aves imaturas( jovens)
l) Acasalamentos com sintomas de doença
m) O sucesso na criação de aves, além dos factores alimentares e genéticos etc depende de :
- Os efeitos meteorológicos do momento em que iniciamos a temporada da criação.
- Contar com as regras que o criador amador não pode deixar de cumprir como sendo a qualidade das suas aves, sendo esta inversamente proporcional e quantidade.
Um elevado numero de casais comprovado por estudos científicos levam-nos em principio a conseguir uma média por casal muito baixa.
Tendo como exemplo um criador com aproximadamente 20 casais obtém normalmente uma média de cinco jovens de canários.
Um criador com 100 casais terá por norma uma média mais inferior, ou seja 3 canários por casal.
Como nota final ao iniciarmos a criação no local onde as aves estão alojadas a temperatura ambiental não deve ser inferior a 14 a 15 graus.
A Humidade relativa deve rondar os 60 a 70% e no que diz respeito a horas de luz natural deve rondar as 14 horas.
n) A tabela de algumas doenças nos canários a saber :
Doenças respiratórias
- Baytril 2,5%
- Dose : 5ml /1 litro de água
- Duração 5 dias consecutivos
- Tylan solúvel
- Dose : 2 gramas /1 litro de água
- Duração 4 dias consecutivos
Micoses e gastro entrites
- Fungilin
- Dose 1ml / litro de àgua
- Duração 10 dias consecutivos
O que é o factor de refracção ?
- Em canaricultura trabalha-se com os caracteres que podem modificar a estrutura original das penas é assim que denominamos o factor de refracção.
Anteriormente os criadores denominavam-o como sendo o factor óptico (azul) na actualidade apenas conhece-se um só factor o de refracção.
Em termos gerais podemos defini-lo como uma tendência que apresentam os canários amarelos por influência da tonalidade limão que em contacto com a luz solar sobressai uma tonalidade tipicamente azulada.
Esta tonalidade encontra-se também nos canários em que apresentam a eumelanina negra.
Os canários que apresentam forte concentração de feomelanina. Esta esconde os efeitos atrás referenciados evitando assim que o criador não consiga apreciar as suas verdadeiras qualidades.
Qualquer objecto de cor que é exposto para receber luz branca contendo as radiações das cores do arco-íris,as penas reflectem as radiações que correspondem à cor branca absorvendo as restantes.
No caso dos canários de factor amarelo normal somente nos chega à nossa vista as radiações correspondentes ao amarelo.pois as outras são absorvidas pela plumagem do canário.
Os canários afectados pelo factor de refracção a luz branca desdobra-se ao incidir sobre as diferentes estruturas das penas, produzindo reflexos de forma normal ou seja a cor amarela, no entanto a outra posição da luz que penetra nas restantes penas produz efeitos de radiações de maior ou menor amplitude.De tonalidades azuladas, que misturando-se com as amarelas, contempla as aves aos olhos do seu criador a típica tonalidade de cor amarelo limão.
Para terminar concluímos que o factor de refracção produz na estrutura das penas um potencial de enorme luminosidade no lipocromo da cor de fundo.
Devemos acrescentar que este factor está estritamente ligado à maior ou menor presença de feomelanina.
O factor de refracção apresenta-se de carácter acumulativo, por isso em determinadas aves apenas visualizamos alguma presença deste factor.
Aves de África ( Angola )
Tecelões