LIZARD CANÁRIO CLUBE DE PORTUGAL
BOLETIM INFORMATIVO Nº 4 - Agosto/2010
INTRODUÇÃO
Com
o fim das criações vêm as férias, pelo menos para nós Europeus. Férias
merecidas depois de mais um ano de trabalho e de criações das nossas
aves. A seguir vem a muda (e as penas a voarem para todos sítios e nós
com o aspirador atrás delas) e depois e para terminar o ano, finalmente
as Exposições. O LCCP já está a trabalhar na nossa Exposição. Podemos
para já adiantar que vai haver algumas novidades quanto ao local, mas
isso fica para o próximo Boletim.
Para
já o que interessa é desejar a todos aqueles que vão de férias umas
ÓPTIMAS FÉRIAS e que regressem com força para mais um ano.
Sumário
1 – Como analisar o standard do Lizard
2 – Como aumentar o tamanho dos canários
3 – Outra papa de criação caseira
4 – Como utilizar o Esb3 a 30%
Os textos são da autoria de:
Carlos Lima - Presidente do LCCP, Juiz de Canários de Porte CNJ/OMJ e Juiz de Canários de Cor CNJ
Luis Filipe Vilas Boas - Juiz de Canários de Porte CTJ/OMJ
Luis Morais - Tradução para Espanhol.
1 – COMO ANALISAR O STANDARD DO LIZARD
A
origem do Lizard é um pouco obscura e foram os ingleses que a
reconheceram e os primeiros a aperfeiçoar esta raça de plumagem única
com desenhos peculiares em todo o mundo ornitológico.
É
um canário de plumagem escura, podendo ser comparado a um canário
verde, uma vez que possui o mesmo pigmento verde. Pode-se afirmar que é
um canário de fundo amarelo com um pigmento escuro (melânico).
Todos os Lizards devem ser escuros (self dark) sem partes claras excluindo a calota (zona lipocromica).
Tem por base 2 cores:
è Dourado (gold) intenso (buff)
è Prateado (silver) nevado (non frosted) com a cor de fundo amarela, sendo a repartição homogénea do nevado muito importante.
Julgar um canário Lizard ou simplesmente reconhecer um bom exemplar, temos que ter na mente a imagem de um perfeito exemplar.
Criar Lizards para exposição é uma tarefa difícil que exige conhecimentos técnicos da raça (standard) e conhecimento de genética da ave, de forma que os acasalamentos realizados resultem em pleno. Assim deve-se ter em conta:
è Quais os tipos de plumagem
è O grau de oxidação das melaninas
è Pureza do lipocromo
Todos
estes aspectos influenciam a valorização de um plantel e podem resultar
em novos exemplares que obterão melhores pontuações nas exposições.
Um Lizard perfeito, segundo o Standard oficial da OMJ (Ordre Mondial des Juges) tem a seguinte configuração.
DESENHO DORSAL – Spangles (25 Pontos)
– Este é o item de maior valorização de um Lizard. É formado por
pequenas escamas em forma de meias luas, muito escuras e bem nítidas em
relação à cor de fundo, que as separa e perfeitamente alinhadas ao longo
do dorso.
Sem
dúvida é por esta rubrica que um juiz deve começar a análise de um
Lizard, formando desde já o grupo de favoritos à vitória final.
Giuliano
Passignani (um dos grandes criadores de Lizards e reconhecidamente um
dos grandes juízes internacionais com vários livros escritos) afirma que
“…
um Lizard sem calota mas com óptimas escamas dorsais e peitorais é
sempre um bom exemplar, no entanto um com calota perfeita mas com
defeitos no seu desenho dorsal e peitoral, não é um bom Lizard!”.
PLUMAGEM (15 Pontos)
– Tem de ser brilhante, consistente e lisa, completamente aderente ao
corpo. Os melhores exemplares de plumagem apresentam-se mais escuros com
uma total ausência de castanhos.
Nota: Os Lizards são muitas vezes utilizados para melhorarem a plumagem de outras raças de canários de forma e posição.
DESENHO DO PEITO – Rowings (15 Pontos) –
São pequenos triângulos (as escamas em forma de meia lua são aqui mais
triangulares) ou pequenos “V” largos e escuros que se iniciam sob o bico
e olhos prolongando-se até ao início da cauda.
Nota: As fêmeas são sempre melhor marcadas que os machos, principalmente nos prateados.
COR DE FUNDO (10 Pontos)
– O amarelo-dourado corresponde aos intensos e o amarelo-palha aos
prateados (nevados). Esta deve ser regular e uniformemente distribuída
pelo corpo com tonalidade forte, sem interrupções de intensidade da cor,
o que dá a esta ave, quando vista à luz solar, um brilho espectacular
(os Lizards devem ser julgados à luz natural). É permitida a cor
vermelha.
ASAS E CAUDA (10 Pontos) – As asas devem estar bem aderentes ao corpo e serem o mais escuras possível. A cauda deve ser fechada, estreita e curta.
CALOTA (10 Pontos) – Pode-se apresentar de 3 formas possíveis:
· Calota perfeita
– tem a forma oval, nascendo na parte superior do bico, passando sob os
olhos, prolongando-se até à base da nuca. Tem a mesma cor que a cor de
fundo e não pode apresentar qualquer vestígio melânico.
· Calota imperfeita
– é uma calota que apresenta zonas melânicas. Nestas zonas melânicas
deve apresentar os desenhos típicos do desenho do dorso, que têm origem
na base superior do bico.
Nota: Alguns Clubes como LCCP, separam uma classe própria para as calotas imperfeitas.
· Sem calota –
Não apresenta qualquer vestígio da calota e tem esta zona totalmente
preenchida com os desenhos dorsais desde a base do bico até à cauda sem
interrupções.
PENAS DE COBERTURA (5 pontos) – Nas espáduas os desenhos formam molduras de orlaturas negras que cobrem a base das penas e separam umas das outras.
SOBRANCELHAS (5 Pontos) – Situam-se acima dos olhos. Apresentam uma linha de penas negras que as separam da calota e atenuam a forma oval da cabeça.
BICO E PATAS (5 Pontos) – Devem ser o mais negro possível. As unhas claras devem ser penalizadas.
CONDIÇÃO GERAL (5 Pontos) – As aves devem-se apresentar de boa saúde e limpas.
PRINCIPAIS DEFEITOS A ANALIZAR:
Desenho dorsal: Com
falhas e sem alinhamento, marcas interrompidas pouco definidas indicam
que estamos na presença de um exemplar com pouca qualidade. A presença
de feomelanina (penas de cor castanha) deve ser penalizada pois
interfere na beleza do desenho dorsal.
Plumagem:
Uma plumagem em más condições deve ser penalizada uma vez que esta é a
segunda rubrica mais importante. Não deve ser em excesso nem estar
desalinhada. Tem de apresentar um brilho natural e não pode ter penas
com margens brancas pronunciadas.
Nota: Qualquer pena totalmente despigmentada fora da zona da calota implica obrigatoriamente por parte do juiz uma forte penalização.
Desenho do peito:
Nesta rubrica avalia-se a quantidade e a qualidade doo desenhos do
peito e flancos. Nas aves intensas (douradas) aparecem em menor
quantidade, nos nevados (prateados) o grau de exigência deve ser maior,
pois aqui aparecem em mais quantidade, sendo as penalizações atribuídas
de forma proporcional. Os que se apresentem sem qualquer marcação, serão
penalizados com rigor. É importante relembrar que as marcações devem
estar separadas por penas rendilhadas de branco nos nevados (prateados) e
da mesma cor do lipocromo nos intensos (dourados).
Cor de fundo:
O lipocromo é um item que pode valorizar ainda mais a ave. Tem de ser
igual em toda a ave, sem variações da sua intensidade. Acasalamentos mal
feitos originam filhotes com uma cor disformemente distribuída, ou
menos viva. O factor vermelho, segundo o standart C.O.M. () é permitido.
A cor vermelha tem de ser analisada da mesma maneira, ou seja, tem de
ser uniformemente distribuída. Em diversas exposições como por exemplo
Reggio Emilia, concorrem em classes separadas dos não pigmentados
artificialmente.
Asas e cauda:
Devem ser bem escuras. Devem ser penalizados os exemplares que
apresentem vestígios de cor castanha ou cinza. A cauda não deve estar
aberta.
Calota: Uma
calota que se apresente 100% perfeita, 0 pontos de penalização. Até 20%
de incidência melânica, 1 ponto de penalização. Uma calota que se
apresente com mais de um ponto de incidência melânica ou com mais de 20%
pode-se penalizar com 2 a 3 pontos.
Penas de cobertura: A orlatura das penas de cobertura despigmentada deve ser penalizada com rigor.
Sobrancelhas:
Os Lizard devem apresentar por cima dos olhos uma fina linha de plumas
bem negras. Devem ser penalizas quando estas são de cor castanha ou
cinza ou quando estão interrompidas.
Bico e patas:
Esta rubrica é das mais polémicas num julgamento. Embora o seu valor
seja de apenas 5 pontos, a sua importância não é menor, pois trata-se de
uma característica marcante desta raça que são as partes córneas bem
negras (oxidadas). Em termos de classificação um Lizard que apresente
uma oxidação fraca pode ser mais valorizado em relação a outro que tenha
uma melhor oxidação. Um juiz quando analisa esta rubrica tem que
valorizar indiscutivelmente os exemplares que apresentam uma melhor
oxidação (atribuindo a classificação máxima de 5 pontos) penalizando os
outros que apresentem uma menor oxidação (atribuindo a classificação de 4
pontos ou em casos extremos 3 pontos).
Tamanho e Condição:
Temos de analisar nesta rubrica não só a condição geral da ave como o
tamanho e a sua forma. Na parte da condição deve a ave apresentar-se
limpa, de boa saúde, sem escamas nas patas e sem sujidades visíveis na
plumagem e patas. No tamanho só se deve penalizar exemplares que sejam
muito grandes ou muito pequenos, o que é raro aparecer aves fora do
padrão dos 12,50 cm. A forma do corpo do Lizard não é um item específico
de julgamento, mas que deve ser igualmente analisado. A curvatura do
abdómen assemelha-se à curvatura de uma pipa.
2 - COMO AUMENTAR O TAMANHO DOS CANARIOS
Para
algumas raças de canários de forma e postura, é muito importante
procurarmos aumentar o tamanho do nosso plantel e melhorar a sua forma.
Muitos criadores procedem através dos cruzamentos executar esta tarefa,
acasalando as aves mais corpulentas. Mas o tamanho é uma característica
muito complexa, pois depende de diversos factores:
· Hereditariedade
· Alimentação
· Ambiente
· Selecção
HEREDITARIEDADE
A
característica do tamanho não é apenas controlada por um gene (outras
características das nossas aves são controladas apenas por um gene –
cor, poupa, etc.), mas sim por um conjunto de genes. Assim se explica o
porquê da consanguinidade provocar uma redução do tamanho nas aves
(menor diversidade de genes, menor o tamanho) sendo apenas mais um dos
motivos para a evitarmos (a consanguinidade apenas pode ser útil quando
pretendemos fixar uma mutação). A pouca diversidade dos genes também tem
consequências (pelos mesmos motivos) na forma das aves. Deve portanto
um criador introduzir novas aves no seu plantel, para manter a
diversidade genética. No entanto a aves a introduzir devem ser
portadoras do património genético pretendido e que não pertencem à mesma
linhagem familiar.
ALIMENTAÇÃO
Deve
ser muito rica e variada, evitando a carência de vitaminas, aminoácidos
e outros componentes, que também provocam a diminuição do tamanho. A
mistura de sementes adquiridas normalmente nas lojas comerciais, são
insuficientes pois muitas delas são desequilibradas.
As
proteínas desempenham uma função importante nos acasalamentos. A
metionina contém o zolfo, melhorando a qualidade da plumagem.
As
sementes frescas, o germinado, fruta, proteína animal, e uma papa de
qualidade com uma percentagem de proteína entre os 16% a 18% são
elementos indispensáveis para obtermos aves de qualidade.
AMBIENTE
Uma
boa higiene e alojamentos espaçosos devidamente arejados, são condições
para noa permitir um bom desenvolvimento do tamanho. A experiência
demonstra-nos que a criação em espaços grandes (voadeiras) torna as aves
mais robustas e com melhor desenvolvimento do seu esqueleto em relação a
outras criadas em espaços pequenos, independentemente do tipo de
alimentação ministrada. As aves criadas em espaços grandes além de serem
mais fortes e robustas têm uma plumagem mais brilhante e sedosa.
Outro pormenor importante é que as aves em comunidade adquirem efeitos estimulantes para uma alimentação plena.
As
baixas temperaturas no local de criação produzem nos canários um efeito
de aumento substancial do peso, devido estas procurarem assiduamente os
alimentos.
Outro
factor importante é sem dúvida a iluminação no canaril. Quanto maior o
número de horas de luz (dias maiores) mais tempo os progenitores se
dedicam à alimentação das crias.
No
entanto não nos serve de nada aumentar o número de horas de luz, se não
proporcionarmos às nossas aves uma alimentação variada e equilibrada, e
o espaço não tenha as normas de higiene mínimas para a criação. Também
não nos devemos esquecer que as aves necessitam de um número de horas
mínimo para descansarem, e ficarem prontas para outro dia de criação.
SELECÇÃO
A
selecção rigorosa e criteriosa das aves de maior tamanho é muito
importante. As fêmeas maiores têm tendência a pôr ovos maiores. Um ovo
maior é mais rico em reservas proteicas, dando origem a crias mais
fortes e resistentes.
Os machos maiores têm já o património genético do tamanho grande para transmitirem às crias.
3 - OUTRA PAPA DE CRIAÇÃO CASEIRA
No
último Boletim, demos a conhecer uma papa de criação caseira, “A
Polenta” que ainda hoje muitos criadores italianos usam. Como resposta
tivemos inúmeros pedidos de outras receitas de papas para canários.
Assim e em resposta a esses pedidos aqui vai outra.
Método Julie Etienne (Criador belga de Lizards):
· 6 ovos inteiros
· 200g de pão ralado
· 12 colheres do sopa de papa (comercial)
· 1 colher de sopa de gérmen de trigo
· 1 colher de sopa de levedura de cerveja (pó)
· 1 colher de sopa de Germalyne
· 1 colher sopa de Quikon Forte
· 1 colher de sopa de Vita-Mineral da Natural
· 2 colher de sopa de pólen (abelhas)
Derreter 100g de banha de porco em banho-maria. Juntar tudo e mexer bem. Depois de estar tudo bem misturado, juntar:
· 2 colheres de sopa de óleo de noz (biológico)
· 1 colher de sopa de óleo de gérmen de trigo
· 2 colheres de sopa de Biochol – Oropharma
· 300g de cânhamo reduzido a pó
Mexer bem até ficar uma papa homogénea.
4 - COMO APLICAR ESB3 A 30%
Produto para evitar as coccidioses.
Deve-se aplicar nos reprodutores um mês antes dos acasalamentos.
Dissolver 1g/litro de água e dar durante 5 dias consecutivos seguido de 3 dias a vitaminas. Mais 5 dias consecutivos de Esb3 a 30% seguido de 6 dias a vitaminas.
Para as crias deve-se aplicar durante os dois meses logo após a separação dos pais, ½g de Esb3 a 30% dissolvida num litro de água durante uma semana intervalando com uma semana a vitaminas.
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