domingo, 18 de novembro de 2012

Boletim Informativo Nº 2


LIZARD CANÁRIO CLUBE DE PORTUGAL
BOLETIM INFORMATIVO Nº 2 - Junho/2010



INTRODUÇÃO
Em primeiro lugar temos que agradecer a todos, que por alguma forma, nos contactaram acerca do Boletim Informativo Nº 1 do LCCP, contactos esses que se estenderam para além das nossas fronteiras, com pedidos de autorização para publicação em sites quer no Brasil, quer na nossa vizinha Espanha.
Ficamos igualmente bastante satisfeitos com o impacto que teve junto dos criadores, o que nos leva a pensar que não só havia espaço para a sua existência, como fazia falta.
O LCCP continua a pretender divulgar de forma transparente junto de todos os criadores de canários Lizard e não só, as suas experiências, como também trazer até nós o relato de alguns experientes criadores internacionais desta raça.
Como o prometido é devido aqui fica o Boletim Informativo Nº 2, esperando que continue do agrado de todos e que contribua para o desenvolvimento desta raça em Portugal.
Sumário
1 – Colorir ou não colorir
2 – Visita ao Campeão Mundial Alfonso Tebroke
3 – Microplasmose (Ponto negro)
4 – Lavagem dos canários para exposição


Os textos são da autoria de Carlos Lima - Presidente do LCCP e Juiz CNJ/OMJ, Luis Filipe Vilas Boas - Juiz CTJ/OMJ e Luis Morais -Tradução para Espanhol.

1 - COLORIR OU NÃO COLORIR
Será pois um dilema do criador

Sempre que um criador de Lizard’s expõe as suas aves, tem como finalidade alcançar a maior pontuação possível. Isto só é possível através de uma cor de fundo brilhante e uniforme, conseguida com uma alimentação equilibrada e, como não podia deixar de ser, uma selecção rigorosa dos reprodutores (Património genético).
Hoje em dia a coloração artificial é autorizada pela C.O.M., seja ela praticada através de produtos naturais ou artificiais. O criador tem a liberdade de escolher o caminho que mais lhe interessa.
Quanto à minha opinião, o criador desta variedade não deve renunciar a fazer uso da coloração artificial amarela, muito mais eficaz que a natural (só através de selecção) e que no momento do julgamento ajuda a ave a obter uma melhor valorização pontual.
Posso afirmar que o grande campeão A. Tebroke faz uso da coloração artificial amarela bem como de verdura, que devido à clorofila contida nas suas folhas reforça a tonalidade do lipocromo nos Lizard’s Dourados e Prateados (cor de fundo).
O LCCP e os seus dirigentes entendem que o Clube tem como objectivos divulgar aos amantes do canário


Lizard, as melhores técnicas com a finalidade de melhorar as características raciais e deixar o secretismo como algo do passado, (como alguns criadores ainda o praticam pensando que só assim podem vencer), aqui ficam os produtos que habitualmente uso e com os quais obtenho bons resultados:
Ø  Sementes Camelina Sativa - Planta cultivada na Ásia e África, cujo óleo contido na semente é utilizado no fabrico de verniz amarelo.
Ø  Farinha de milho – Deve ser administrada em quantidades moderadas para evitar na plumagem do dorso e do peito reflexos alaranjados (distribuição de lipocromo).
Ø  Spirulina – Pode ser usada na para pois além de reforçar os pigmentos melânicos, reforça ainda o sistema imunitário das nossas aves. Dosagem de 1 kg de papa húmida para 5 a 10g durante todo o ano.

2 - OS LIZARD’s DE ALFONSO TEBROK
A. Tebroke é actualmente o criador mais premiado desta maravilhosa raça. É criador de Lizard´s desde 1978 e vive em Rhode – Alemanha. Devido ao seu trabalho profissional, tem na sua esposa uma grande ajuda nesta árdua tarefa que é a de criar canários. O seu local de criação é composto por duas salas bem iluminadas, uma maior que a outra e por norma faz cerca de 40 a 50 casais por época.
Segundo o seu relato, aqui vão algumas das suas ideias a ter em conta:
ü  Não devemos ter mais de 15 canários nas gaiolas 1,20 m, para evitar que se piquem.
ü  Os jovens Lizard’s só devem se colocados em espaços superiores ao acima referenciado após atingirem os 3 meses de idade.
ü  Devemos estar atentos aos problemas intestinais a que os jovens são atritos.
ü  A condição ideal no local de criação para manter as aves saudáveis é necessário ambiente seco e que a temperatura na altura das criações seja no mínimo de 15 a 18 graus.
ü  Todos os dias à disposição das aves o banho (quando estão nas voadeiras) contribui para uma boa renovação das penas.


ü  No seu espaço de criação a iluminação é garantida por lâmpadas True-Lite.
ü  Nos dias mais quentes quando a temperatura é excessiva tem um ventilador que assegura a renovação do ar, tendo o cuidado com as correntes de ar.
ü  Como prevenção contra os ácaros mantém o local de criação sempre arejado e utiliza o produto ARDAP sem F.C.K.W. e um purificador de ar (marca Ancor)
A limpeza do pó nas instalações é feita por um aspirador industrial de grande potência, bem como através e um ionizador.

Questões técnicas segundo A. Tebroke
A calota do Lizard que para muitos criadores alegam ser de grande importância nesta raça, para Tebroke não passa de simples adorno, pois afirma que esta característica não determina o valor de um Lizard, mas sim a qualidade do desenho dorsal.
Utiliza nas criações um casal fixo, alegando que tanto o macho como a fêmea alimentam melhor os filhos.
Como mistura de sementes utiliza 80% de alpista sem nabo e os restantes 20% uma mistura de sementes para aves indígenas, pois no seu entendimento as sementes pretas em elevadas quantidades provocam distúrbios intestinais. Durante todo o ano utiliza papa à base de ovo. Durante a muda da pena usa algas marinhas misturadas com a papa de ovo.
O corante amarelo é misturado em água quente à temperatura de 40° e posteriormente misturada com biscoito triturado (reduzido a pó) com a finalidade de obter uma coloração amarela intensa e uniforme. Esta técnica de coloração é utilizada em Inglaterra para coloração dos canários de Forma e Posição, nomeadamente o Border e o Fife Fancy.
Na papa de ovo Tebroke junta cálcio vitaminado e uma vez por semana uma colher de sopa carvão vegetal. Quando utiliza vitaminas na água, esta é retirada ao fim da tarde e substitui por água fresca.
Os jovens canários que pretende expor são alojados em gaiolas individuais antes de terminarem a muda, pois através este sistema torna-os mais calmos e evita a picagem (muitas destas gaiolas são colocadas no corredor da sua casa onde as aves estão sempre em contacto com as pessoas).
Na composição dos casais dedica uma grande atenção onde é sensível à plumagem, desenho dorsal e peitoral, forma e tamanho inferior a 13 cm. Quanto aos Lizard’s em que a sua cor de fundo não seja brilhante, sedosa e distribuída uniformemente pelo corpo, procura a sua eliminação do seu plantel ou procura a sua compensação como lei nos acasalamentos.
Quanto à oxidação é feita através de uma alimentação rica em aminoácidos, sol 2 a 3 horas por dia, evitando assim que as remiges e as rectizes das suas aves sejam afectadas ficando negras e não acastanhadas (como quando são expostas a longos períodos ao sol). Utiliza a planta Poligonum Auberti (caule, folhas e flor) e o pó de nome Knoterichpulver (Poligonum Pudre), e as plantas de nome Target de tonalidade amarela.
Não quero finalizar sem um agradecimento ao amigo A. Tebroke pela sua hospitalidade durante a minha estadia no seu país e a todos os responsáveis do Clube Alemão que me proporcionaram fazer parte como Juiz dessa grande Exposição Temática do Lizard na Alemanha.

3 - PONTO NEGRO (MICROPLASMOSE)
Aparelho reprodutor
Para os criadores interessa aqui neste Boletim Informativo tentar descrever detalhadamente esta doença que tanto afecta as nossas fêmeas no período da criação, principalmente na altura da postura dos ovos. As canárias portadoras desta doença através dos ovos.
A doença normalmente provoca:
o   grande percentagem de ovos não fecundados,
o   abandono do choco sem razão aparente por parte da fêmeas (ou nem chocam),
o   grande percentagem de embriões mortos,
o   as fêmeas afectadas não alimentam bem os filhos,
o   as crias não respondem aos apelos dos pais para alimentação (não levantam a cabeça)
o   as aves sobreviventes fazem uma muda mais lenta e muitas das vezes morrem muito magras com o esterno bem saliente a que habitualmente se chama doença da faca.
Outra manifestação desta doença, acontece por norma mais evidente na segunda postura, em que as fêmeas deixam de alimentar as crias e muitas vezes abandonam o ninho sem razão aparente.
Desta forma aconselha-se os criadores e intervirem através de uma terapia preventiva antes do acasalamento das aves (15 dias antes de fazer os casais). Pode-se utilizar a Tylosina (veterinária) vendida em embalagens de 100g. Dose a aplicar: 2 g por cada litro de água durante um período nunca inferior a 5 dias, seguida de vitaminas. Este tratamento para ser eficaz no combate a esta doença, deve ser repetido entre a 1ª e 2ª postura, sem qualquer problema para a fecundidade das nossas aves, pois a Tylosina não é um produto tóxico e não afecta a flora intestinal.
A doença pode ter proveniência em:
o   Sementes contaminadas e em outros produtos.
o   Excesso de humidade.
o   Espaços pequenos com muitas aves.
o   No indiscriminado de antibióticos.
o   Erros graves na alimentação (desequilibrada)
Sintomas:
o   Tose, bico aberto e corrimento nasal
o   Redução no nascimento das aves por morte no ovo.
o   Mortalidade entre o 3º e 5º dia, com um ponto negro no ventre.
o   Aves cujo desenvolvimento é muito lento.
o   Emagrecimento sem motivo aparente (doença da faca) quando os jovens são separados dos seus progenitores.
o   Diarreias líquidas.
Como tratar (água nos bebedouros) – Usar um ou outro mas nunca os dois em simultâneo.
. Antibiótico de nome Macrolidi, muito eficaz e de pouca ou nenhuma toxicidade.
. Spiramicina 1g por litro de água durante 3 dias ou 0,5g por litro de água durante 3 dias (Estas proporções são aplicadas conforme a gravidade da doença.
. Compensar posteriormente com vitaminas para restaurar a flora intestinal.


4 - LAVAGEM DOS CANÁRIOS PARA EXPOSIÇÃO

Após diversas solicitações, venho procurar esclarecer algumas situações que merecem uma informação adequada, dado que este tema foi tratado de forma ambígua, não sendo de todo esclarecedor.

Os criadores de canários que apostam seriamente nas exposições de maior prestígio preparam as suas aves com grande antecedência e para isso utilizam o banho nos seus canários com alguma perícia e técnica, utilizando produtos inovadores para tornarem as suas aves mais atraentes na altura dos julgamentos.

Cada vez mais descobrimos novos produtos, pondo de parte o tradicional shampoo Johnson para bebés, pois muito embora tenha efeitos positivos, não produz o brilho desejado e, ao mesmo tempo, não evita a acumulação de pó na plumagem aquando do transporte para o local do evento.

Como entendo que este Boletim serve para elucidar os criadores e com a única intenção de contribuir para melhorar o aspecto exterior das nossas aves, eis a fórmula utilizada pelos campeões internacionais de Brancos recessivos e não só:
1-      Dez dias antes da exposição procede-se à lavagem dos canários que vão a concurso.
2-      Preparar 3 recipientes com água tépida.
3-      No 1º recipiente juntar a 1 litro de água o produto ou produtos abaixo indicados. Com um pincel de barba lavar os canários.
4-      No 2º recipiente juntar a 1 litro de água 5 a 10 ml de vinagre de maçã (produto biológico) para eliminar os resíduos da lavagem com o produto referenciado no ponto nº 3 (o vinagre de maçã tem que ser aquele que no rótulo tem as maçãs inteiras)
5-       O 3º recipiente, ou seja a nossa terceira lavagem em 1 litro de água tépida, duas medidas de glicerina para dar o brilho e a luminosidade às penas do canário e realçar a cor.

Nota importante:
a)      Colocar as aves a uma temperatura entre 26º e 30º (processo de secagem)
b)      Este processo volta a ser efectuado na véspera da entrega das aves na exposição


Produtos a utilizar:
-Super White (pó branco)
-Briljant (shampoo)

Boa sorte para os futuros campeões, pois desta forma, estão em pé de igualdade com os maiores em termos de brancura e brilho.

Carlos Almeida Lima
Juiz Internacional CNJ-OMJ



E é este O Boletim Informativo Nº 2 do Lizard Canário Clube de Portugal, que mais uma vez esperamos que esteja do agrado de todos. Para aqueles que de alguma forma pretendem contribuir para este Boletim, podem entrar em contacto com Carlos Lima (lima.mosaico@gmail.com) ou Luis Vilas Boas (luisfilipevilasboas@gmail.com)

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